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A Metodologia dos 12 Fatores no Desenvolvimento de Software: Origem, Conceito e Características

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Origem da Metodologia dos 12 Fatores

A metodologia dos 12 Fatores foi criada pela equipe da Heroku, uma plataforma de cloud computing amplamente utilizada para a implantação de aplicações modernas. Em 2011, com base nas melhores práticas observadas na construção de aplicativos escaláveis e resilientes, os engenheiros da Heroku codificaram esses princípios para ajudar desenvolvedores a criar software que fosse facilmente escalável, portável e simples de manter.

O manifesto, chamado “The Twelve-Factor App”, é hoje uma referência essencial no desenvolvimento de aplicações baseadas em nuvem. Ele define uma abordagem sistemática para projetar aplicativos modernos, especialmente para aqueles que serão executados em ambientes de computação em nuvem.

 

O que é a Metodologia dos 12 Fatores?

A metodologia dos 12 Fatores é um conjunto de princípios para a criação de software como um serviço (SaaS). Ela fornece diretrizes claras para desenvolvedores que desejam criar aplicações resilientes, escaláveis e que tirem o máximo proveito de ambientes distribuídos, como a nuvem.

Essa abordagem incentiva práticas que promovem a automação, a separação de preocupações e a portabilidade, além de reduzir a complexidade de manutenção ao longo do ciclo de vida da aplicação. Embora seja especialmente útil para aplicativos baseados em nuvem, os 12 Fatores podem ser aplicados a qualquer tipo de software moderno.

 

Os 12 Fatores e Suas Características

A metodologia é dividida em 12 princípios, ou fatores, que ajudam a moldar a arquitetura e a operação de uma aplicação. Vamos explorá-los em detalhes:

  1. Código Base (Codebase)
  • Descrição: Uma aplicação deve ter uma única base de código rastreável em um sistema de controle de versão, como Git. Diversas implantações (produções, testes) devem derivar do mesmo repositório.
  • Objetivo: Garantir consistência e evitar divergência entre versões diferentes da aplicação.

  1. Dependências (Dependencies)
  • Descrição: Declare explicitamente todas as dependências no arquivo de configuração do projeto (ex.: package.json para Node.js ou requirements.txt para Python).
  • Objetivo: Evitar dependências implícitas no ambiente de execução, promovendo a portabilidade e previsibilidade da aplicação.

  1. Configuração (Config)
  • Descrição: A configuração, como credenciais, variáveis de ambiente e endpoints, deve ser separada do código fonte.
  • Objetivo: Facilitar mudanças no comportamento da aplicação sem necessidade de modificar o código.

  1. Serviços de Apoio (Backing Services)
  • Descrição: Trate serviços externos, como bancos de dados, filas de mensagens e APIs de terceiros, como recursos anexados, acessíveis por URLs ou variáveis de ambiente.
  • Objetivo: Simplificar a troca e gerenciamento desses serviços.

  1. Build, Release, Run
  • Descrição: Separe os estágios de construção (build), lançamento (release) e execução (run). Cada etapa tem responsabilidades claras:
    • Build: Gera um pacote pronto para ser implantado.
    • Release: Combina o build com configurações.
    • Run: Executa a aplicação no ambiente desejado.
  • Objetivo: Facilitar a rastreabilidade e reprodutibilidade de versões.

  1. Processos
  • Descrição: Execute a aplicação como um ou mais processos sem estado. Qualquer dado persistente deve ser armazenado em um serviço externo, como um banco de dados.
  • Objetivo: Garantir que a aplicação seja facilmente escalável e resistente a falhas.

  1. Port Binding
  • Descrição: A aplicação deve ser autocontida e expor seu serviço por meio de uma porta específica, como HTTP em uma porta configurada.
  • Objetivo: Garantir que a aplicação possa ser implantada em qualquer ambiente.

  1. Concurrency
  • Descrição: Projete a aplicação para ser escalada usando processos pequenos e independentes em vez de criar grandes aplicações monolíticas.
  • Objetivo: Melhorar a resiliência e a escalabilidade.

  1. Disposibilidade (Disposability)
  • Descrição: Os processos devem ser descartáveis, permitindo inicialização e desligamento rápidos sem impacto no sistema.
  • Objetivo: Minimizar o tempo de inatividade e facilitar a recuperação de falhas.

  1. Paridade de Desenvolvimento/Produção (Dev/Prod Parity)
  • Descrição: Mantenha ambientes de desenvolvimento, testes e produção o mais semelhantes possível.
  • Objetivo: Reduzir bugs e inconsistências causados por diferenças nos ambientes.

  1. Logs
  • Descrição: Trate logs como fluxos de eventos. Em vez de gerenciá-los diretamente, envie-os para sistemas de agregação e análise.
  • Objetivo: Facilitar o monitoramento e depuração.

  1. Processos Administrativos (Admin Processes)
  • Descrição: Tarefas administrativas, como migração de banco de dados ou análises, devem ser executadas como processos únicos.
  • Objetivo: Garantir que esses processos sejam consistentes com o código e o ambiente.


Por que Adotar os 12 Fatores?

A metodologia dos 12 Fatores é especialmente relevante no contexto atual de desenvolvimento, onde a velocidade, confiabilidade e escalabilidade são essenciais. Algumas das principais vantagens incluem:

  • Escalabilidade: Aplicações projetadas com os 12 fatores são mais fáceis de escalar horizontalmente.
  • Portabilidade: A separação de dependências e configurações permite que a aplicação seja executada em qualquer ambiente compatível.
  • Manutenibilidade: A abordagem modular e o foco em práticas automatizadas tornam o código mais fácil de gerenciar ao longo do tempo.


Conclusão

A metodologia dos 12 Fatores é uma abordagem poderosa para o desenvolvimento de software moderno, especialmente em ambientes de nuvem. Ao adotar esses princípios, as equipes podem criar aplicações mais robustas, eficientes e preparadas para os desafios da era digital. Mais do que uma lista de diretrizes, os 12 Fatores representam uma filosofia que promove a excelência no desenvolvimento de software como um serviço.